Rodrigo, Lucrécia e César Bórgia colocaram seus nomes na história do vaticano e da humanidade. A ambição do sangue da família de origem espanhola chegou ao topo no começo da renascença e com a morte do papa Inocêncio VIII e a disputa pelo papado. É nesse cenário que o roteirista e artista multicultural Alejandro Jodorowski criou a sua concepção do que foi a elevação ao poder da família mais perversa e luxuriosa que já existiu. Para isso ele contou com a ajuda de ninguém menos que Milo Manara, o ilustrador italiano mestre em quadrinhos eróticos.
Dividindo sua obra em tomos o artista conseguiu passar todo o cenário apocalíptico vivenciado na Europa renascentista. No primeiro número da obra intitulada “Bórgia: Sangue para o Papa” somos apresentados a corrupção e os meios pelos quais Rodrigo Bórgia então cardeal , usa de sua influência e recursos financeiros para ascender ao trono papal. Com um jogo de compra de votos (simonia) Rodrigo que era extremamente querido por Inocêncio VIII, na obra um velho escroto que temia de todas as formas a morte, usa de assassinatos planejados, medo e promessas para se eleger como papa Alexandre VI. O erotismo de Lucrécia, o ódio de César e a inteligência de Rodrigo fazem do primeiro volume o pilar para transformar Roma no seu quintal blasfemo e coberto de sangue dos seus inimigos, muito derramado pelo assassino pessoal da família, o habilidoso Michelleto.
No segundo volume “Bórgia: Poder e Incesto” a família, com o poder do papado de Alexandre VI não respeita mais nenhum tipo de convenção, é nesse tomo que vemos as revoltas pelo poder corrupto de Rodrigo como Papa que não popa esforços para manter sua força na Europa. O ponto alto desse número com certeza é o incesto caracterizado por Lucrécia e César que encorajados por Rodrigo fazem sexo sem pudor na frente dos outros dois irmãos mais jovens sob o pretexto de união da família.
O terceiro tomo “Bórgia: Chamas para a Pira” traz o começo mais assombroso dos três volumes com um baile de máscaras promovido pelo papa Bórgia que supera de longe qualquer tipo de orgia até então vista. Nesse baile mesmo sem saber vemos mais uma erotizada cena de incesto entre pai e filha, onde Rodrigo pega Lucrécia em cima da mesa cerimonial dos salões do Vaticano. Depois do ato com um pouco de culpa Rodrigo se sente compelido a não possuir mais a filha por tê-la prometido a seu filho César,(o casamento entre ele e o membro da família Sforza não significa nada realmente para rodrigo além de uma convenção social), é então que ela o indica a sua futura amante Julia Farnese. Mais uma vez temos inúmeras reviravoltas e muita mais muita sacanagem.
O quarto volume da saga Bórgia: Tudo é Vaidade traz a expedição a Itália do Rei Carlos VIII de França que termina em Nápoles com o afogamento do soberano nas lavas incandescentes do Vesúvio. Liberto do compromisso sacerdotal pelo seu pai, César Bórgia sonha reconquistar o país… A família Bórgia subsidiou a má-língua do século XV, em Itália e no restante mundo cristão, fazendo ascender ao papado dois membros desta ilustre família de reputação diabólica. O clã Bórgia foi acusado de envenenamento, fatricídio e de incesto, tornando-se o símbolo da decadência da Igreja, no final da Idade Média.
A saga do papa mais escandaloso da história da igreja católica chega ao fim no quarto livro da série Bórgia. Alexandre VI foi o papa que aprovou o Tratado de Tordesilhas, mas ficou mais famoso como símbolo da corrupção do Vaticano renascentista. Teve várias amantes e pelo menos sete filhos. Entre eles o belicoso Cesar Bórgia, que, sagrado bispo pelo pai aos 16 anos e cardeal aos 20, inspirou Maquiavel a escrever o Príncipe.
Bórgia conta a história escandalosa e fascinante de uma família ambiciosa, que fazia de tudo, sem se importar com Deus ou o Diabo para conquistar mais e mais poder, e com o roteiro de Jodorowski e ilustrações de Milo Manara impossível perder.
PS: Quem quiser curtir uma linguagem diferente das dos quadrinhos existe uma serie chamada The Borgias com Jeremy Irons no papel de Rodrigo Bórgia, vale a pena conferir.